Hoje circulou nas minhas redes um movimento francês chamado Ecologia sem Transição, li o artigo rapidamente e algo me chamou a atenção que foi um link para uma matéria sobre Nicolas Hulot, ecologista e ex-ministro da Transição Ecológica e Solidária do governo Macron da França.
Hulot publica um convite, profundamente alinhado àquilo que chamo de Nova Economia e de assumirmos nossa liderança nessa direção. O convite é um manifesto de 100 princípios que aqui compartilho por sentir que ressoam tanto.
O texto é publicado no Le Monde, em 06/05/2020 e a tradução é de André Langer.
Eis os princípios.
1. Chegou a hora para juntos lançar as pedras fundamentais de um novo mundo.
2. Chegou a hora de transformar o medo em esperança.
3. Chegou a hora de uma nova maneira de pensar.
4. Chegou a hora da lucidez.
5. Chegou a hora de traçar um horizonte comum.
6 Chegou a hora de não sacrificar mais o futuro pelo presente.
7. Chegou a hora de resistir ao fatalismo.
8. Chegou a hora de não deixar mais o futuro decidir por nós.
9. Chegou a hora de parar de mentir.
10. Chegou a hora de revitalizar nossa humanidade.
11. Chegou a hora da resiliência.
12. Chegou a hora de cuidar e reparar o planeta.
13. Chegou a hora de tratar as raízes das crises.
14. Chegou a hora de apreender conjuntamente as crises ecológica, climática, social, econômica e de saúde como uma única e mesma crise: uma crise de excesso.
15. Chegou a hora de ouvir os jovens e aprender com os anciãos.
16. Chegou a hora de criar vínculos.
17. Chegou a hora de construir ajuda mútua.
18. Chegou a hora de aplaudir a vida.
19. Chegou a hora de honrar a beleza do mundo.
20. Chegou a hora de lembrar que a vida está por um fio.
21. Chegou a hora de reconciliar-se com a natureza.
22. Chegou a hora de respeitar a diversidade e a integridade de tudo o que é vivo.
23. Chegou a hora de deixar espaço para o mundo selvagem.
24. Chegou a hora de tratar os animais respeitando os seus próprios interesses.
25. Chegou a hora de reconhecer a humanidade plural.
26. Chegou a hora de ouvir os povos originários.
27. Chegou a hora de cultivar a diferença.
28. Chegou a hora de ativar nossa comunidade de destino com a família humana e todos os seres vivos.
29. Chegou a hora de reconhecer nossa vulnerabilidade.
30. Chegou a hora de aprender com nossos erros.
31. Chegou a hora de fazer um inventário de nossas fraquezas e de nossas virtudes.
32. Chegou a hora de nos adaptar aos limites planetários.
33. Chegou a hora de mudar de paradigma.
34. Chegou a hora de mudar um sistema caduco.
35. Chegou a hora de redefinir os fins e os meios.
36. Chegou a hora de restaurar o significado do progresso.
37. Chegou a hora da indulgência e da exigência.
38. Chegou a hora de nos libertarmos dos dogmas.
39. Chegou a hora da inteligência coletiva.
40. Chegou a hora de uma globalização que compartilhe, colabore e seja mais complacente com os mais fracos.
41. Chegou a hora de preferir o comércio justo ao livre mercado.
42. Chegou a hora de globalizar o que é virtuoso e de desglobalizar o que é nefasto.
43. Chegou a hora de definir, preservar e proteger os bens comuns.
44. Chegou a hora da solidariedade universal.
45. Chegou a hora da transparência e da responsabilidade.
46. Chegou a hora de uma economia que preserva e redistribui a todos.
47. Chegou a hora de acabar com a desregulamentação, a especulação e a evasão fiscal.
48. Chegou a hora de perdoar a dívida dos países pobres.
49. Chegou a hora de emancipar-se das políticas partidárias.
50. Chegou a hora de libertar-se das ideologias estéreis.
51. Chegou a hora das democracias inclusivas.
52. Chegou a hora de inspirar-se nos cidadãos.
53. Chegou a hora de aplicar o princípio da precaução.
54. Chegou a hora de gravar no direito os princípios de uma política ecológica, social e civilizacional.
55. Chegou a hora de desafiar o determinismo social.
56. Chegou a hora de combater as desigualdades de destino.
57. Chegou a hora da igualdade absoluta entre mulheres e homens.
58. Chegou a hora de estender a mão aos humildes e aos invisíveis.
59. Chegou a hora de expressar mais do que apenas gratidão àquelas e àqueles, geralmente estrangeiros, que em nossos países, ontem e hoje, realizam tarefas ingratas.
60. Chegou a hora de priorizar as profissões que tornam a vida possível.
61. Chegou a hora do trabalho realizador.
62. Chegou a hora do advento da economia social e solidária.
63. Chegou a hora de eximir os serviços públicos da lei do desempenho.
64 Chegou a hora de relocalizar setores inteiros da economia.
65. Chegou a hora da coerência, e de redirecionar as nossas atividades e investimentos para o útil e não para o prejudicial.
66. Chegou a hora de educar nossos filhos para o ser, para o civismo, para o viver juntos, e de ensiná-los a habitar a terra.
67. Chegou a hora de estabelecer limites para o que machuca e nenhum limite para o que cura.
68. Chegou a hora da sobriedade.
69. Chegou a hora de aprender a viver de maneira mais simples.
70. Chegou a hora de nos reapropriar da felicidade.
71. Chegou a hora de nos libertar dos nossos vícios consumistas.
72. Chegou a hora de desacelerar.
73. Chegou a hora de viajar para dentro de nós mesmos.
74. Chegou a hora de nos livrar dos nossos condicionamentos mentais individuais e coletivos.
75. Chegou a hora de fazer eclodir desejos simples.
76. Chegou a hora de distinguir o essencial do supérfluo.
77. Chegou a hora de arbitrar nossos possíveis.
78. Chegou a hora de renunciar àquilo que compromete o futuro.
79. Chegou a hora da criatividade e do impacto positivo.
80. Chegou a hora de vincular nosso “eu” ao “nós”.
81. Chegou a hora de acreditar no outro.
82. Chegou a hora de rever nossos preconceitos.
83. Chegou a hora do discernimento.
84 Chegou a hora de admitir a complexidade.
85 Chegou a hora de sincronizar ciência e consciência.
86. Chegou a hora da unidade.
87. Chegou a hora da humildade.
88. Chegou a hora da bondade.
89. Chegou a hora da empatia.
90. Chegou a hora da dignidade para todos.
91. Chegou a hora de declarar que o racismo é a pior forma de poluição mental.
92. Chegou a hora da modéstia e da ousadia.
93. Chegou a hora de preencher a lacuna entre nossas palavras e nossas ações e de agir em larga escala.
94. Chegou a hora em que cada um deve fazer sua parte e ser o artesão do mundo de amanhã.
95. Chegou a hora do engajamento.
96. Chegou a hora de acreditar que outro mundo é possível.
97. Chegou a hora do ímpeto desenfreado para abrir novos caminhos.
98. Chegou a hora de, com base nesses princípios, escolher, incentivar e acompanhar nossos dirigentes ou representantes.
99. Chegou a hora de todos darem vida a este manifesto.
100. Chegou a hora de criar um lobby das consciências.
Na foto:
“É chegado o tempo de se lembrar dos ensinamentos do Gandhi: a terra provê o suficiente para as necessidades de todos os homens mas não da sua ganância” — Vandana Shiva
“É chegado o tempo de aprender todas as lições de uma crise gigantesca que acomete o mundo humano” — Edgar Morin
“É chegado o tempo enfim de falar uma única língua: a da proteção da natureza” — Cacique Raoni Raoni Metuktire
Enfim, é chegada a hora de nos reunirmos, juntos para dar vida a esse manifesto, por uma economia que favoreça a vida.
Juntos. Vamos?