Esse artigo é endereçado a todas as lideranças — que ocupam ou não papéis hierárquicos dentro de empresas, que estão engajadas com o processo de construir futuros melhores para si e para os outros.
Esses dias acordei com essa pergunta que dá o título para esse artigo no meu WhatsApp, junto com uma matéria do Estadão falando sobre quanto há uma dissônancia entre discurso e prática no Brasil.
Pois bem, partindo do início: ESG ou ASG em português é um acrônimo para a agenda do Meio Ambiente (Environmental), Social e Governança.
O que ela representa?
Ela representa uma evolução das áreas de responsabilidade social das empresas à luz do mundo que vivemos. É uma agenda que convida as empresas a olhar não só internamente e os seus resultados para os seus acionistas (shareholders) mas também todas as partes (stakeholders) com as quais ela se relaciona: comunidade, entorno, sua responsabilidade para com o meio ambiente — porque por menor que seja as empresas causam impacto negativo no meio ambiente — e a governança tem a ver como isso é mensurado, reportado e continuamente ajustado.
Por que tem se falado tanto nisso?
Bom, existem diversas respostas à essa pergunta de muitos prismas. Do prisma ambiental que é a base para a nossa vida existir no planeta, porque estamos consumindo os recursos mais rápido que o planeta consegue regenerar, porque o planeta possui recursos finitos e… porque a maneira do planeta demonstrar isso para nós é uma febre chamada Mudança Climática.
Do prisma socioeconômico é preciso mergulhar mais profundamente nos pontos cegos do nosso modelo econômico para compreender que alguns ajustes são necessários ao modelo neoliberal capitalista que vivemos. Recomendo aprofundar-se no tema que eu chamo de Nova Economia independente de qual seja a sua área de atuação.
Do terceiro prisma e é o que eu, otimista que sou, acredito: empresas engajadas em colocar o ESG no core da sua estratégia vão ser capazes de trazer de volta o propósito para seus negócios. O que isso significa? Recrutar e manter seus colaboradores com brilho no olho e orgulho de fazer parte. O que isso significa? maior produtividade, melhores resultados e… pessoas realizadas — e não deixando as empresas por conta de um burn out.
Agora depois desse prelúdio volto à pergunta inicial:
Existem grandes empresas engajadas de fato em ESG?
A resposta é: existem dentro de empresas pessoas sérias e plenamente capazes de se atualizar para compreender essa agenda e agir.
Ainda há, infelizmente, muito marketing sobre o tema acompanhado de muito pouca ação, trazendo o que conhecemos como impact ou green-washing. Como precisamos falar sobre isso. Porque se estamos enxugando gelo com esse tema a conta vai vir para nós e para as próximas gerações em fatura médica.
Mas acho que a boa notícia é que daqui para frente essa agenda vai ganhar mais força. Algumas empresas vão escolher aderir porque “tem-que” e outras vão ou já estão liderando essa onda. Ou seja, esse assunto vai ser pauta de muita conversa ainda. E eu deixo aqui uma série de provocações:
1- Como a organização em que você atua se atualiza e se prepara para o futuro? Como os executivos aprendem e com quem eles aprendem? As pessoas que ensinam tem a prática e não só a teoria?
2- Quais são as 3 contradições entre discurso e prática estão presentes no seu modelo de negócio atual e como você atua em relação a elas?
Se por acaso elas não tiverem correlacionadas com a agenda ESG e forem questões internas, talvez a lição de casa seja atuar dentro e fora da organização.
Quer saber como descobri-las? Pergunte ao colaborador que está saindo. Aqui dou um exemplo claro. Se sua área de Social/Impacto/Sustentabilidade tem um programa de fomento ao Empreendedorismo e a área de compras paga os seus fornecedores com mais de 45 dias, estamos diante de uma grande oportunidade de fomentar o empreendedorismo e garantir que os pequenos e médios negócios consigam com fôlego tornarem-se seus fornecedores, fomentando na prática o empreendedorismo.
Com um olhar atento é muito fácil notar as contradições. Por vezes é necessário um olhar de fora. Quem atua prestando serviços por meio de treinamentos consultorias as enxerga facilmente. Por isso volto na questão anterior: a maneira como a organização aprende também tem a ver com trazer um ar novo para os executivos. Requer coragem ouví-las sobre as contradições e agir. Mas, o custo de não agir pode ser alto demais no médio prazo.
3- O cargo mais alto executivo da organização conta com o apoio de um Conselho de administração? Seja ele formal ou informal, consultivo ou deliberativo? A função de um conselho é apoiar na visão de longo prazo e garantir que a governança está sendo cumprida. Aqui há outro ponto chave: o cargo mais alto está disposto a ouvir as recomendações com humildade? Ouvir e agir sobre os pontos cegos da governança? Vou além: quem ocupa o Conselho tem clareza do seu papel no longo prazo e não na execução?
Parto para a quarta e última porque se esse assunto reverberou, acho que o próximo passo é uma conversa, para entender por onde você começa a reorganizar o fio da sua organização rumo ao futuro
4- A sustentabilidade é uma área na organização ou está no DNA da maneira como a empresa faz negócios?
Espero que esse artigo circule, inspire e promova a ação.